sexta-feira, 22 de abril de 2016

Notas sobre a importância do Festival de Músicas Gonzagueanas (FESMUZA) para a perpetuação da arte do eterno Rei do Baião


Por José Romero Araújo Cardoso
Louvado seja o momento que, no Rio de Janeiro, então capital federal, estudantes cearenses conseguiram convencer Luiz Gonzaga a deixar de lado imitações de ritmos estrangeiros e apostasse todas as fichas na autenticidade do estilo musical riquíssimo que outrora tocara pelas quebradas do sertão oeste indômito do Estado de Pernambuco, em forrós pé-de-serra, acompanhando o pai Januário, sanfoneiro renomado e respeitado naquelas plagas distantes.
Após obter nota máxima do rígido Ari Barroso em conceituado programa radiofônico, Luiz Gonzaga peregrinou em busca de quem pudesse ajudá-lo a aperfeiçoar e colocar letras em músicas que trazia na lembrança.
O advogado cearense Humberto Teixeira surgiu como a primeira parceria de relevo, resultando em clássicos como Asa Branca, Qui nem Jiló, Respeita Januário, Xanduzinha, Paraíba, entre outras composições célebres que integram o cancioneiro nacional.
Em seguida, outros passaram a integrar a história de vida do bravio nordestino, a exemplo de Zé Dantas, Zé Marcolino, etc. Inúmeros sucessos foram se avolumando ao longo do tempo, transformando Luiz Gonzaga em ícone de uma povo.
No presente, acontece experiência magistral, no que diz respeito à luta em prol da permanência do legado musical do grande e eterno sanfoneiro do riacho da Brígida, através do Festival de Músicas Gonzagueanas, cujo evento é patrocinado e realizado pelo Grupo São Francisco no Parque Cultural O Rei do Baião, localizado no município paraibano de São João do Rio do Peixe, projeto extraordinário elaborado a partir de todos os ditames que regem a filosofia de vida do grande articulista cultural Francisco Alves Cardoso.
Ecoando forte e altivo nas quebradas do sertão, o apelo para que a herança cultural de Luiz Gonzaga, concretizado em forma de acordes, sons, melodia e harmonia, tem vibrado firme pelas veredas da terra do sol, trazendo à tona artistas grandiosos que tem a oportunidade de mostrar brilhante arte que traduz a alma de um povo, a alma do sertão.
Faz gosto ver a nova geração cultivando de forma sublime a arte do eterno e insubstituível Rei do Baião, pois muitos sanfoneiros que vem participando do Festival de Músicas Gonzagueanas ainda estão em tenra idade, os quais vem demonstrando que, independente de espaço ou de tempo, Luiz Gonzaga será sempre referência quando o assunto disser respeito ao nordeste brasileiro.
Artistas experientes também vem integrando o elenco dos que vem participando do já consagrado Festival de Músicas Gonzagueanas, pois a influência que Luiz Gonzaga exerce sobre a gente nordestina é antiga, demonstrando sua importância no cenário regional.
Um solo perfeito de sanfona executando Qui nem jiló ou Juazeiro, bem como todas as músicas do repertório gonzagueano, serve de bálsamo para atenuar o sofrimento de um povo nobre que não se enverga perante as dificuldades, razão pela qual tem sido louvável, na expressão literal do termo, a ênfase atribuída ao Festival de Músicas Gonzagueanas que ocorre nas dependências do Parque Cultural O Rei do Baião.
José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

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