segunda-feira, 24 de março de 2014

O ARTISTA DE MÃO CALEJADA



        O Nordeste brasileiro narra na sua história personalidades ilustres que têm engrandecido essa terra sofrida porém aguerrida no sentido de manter e fazer crescer as suas tradições.
        
Entre os grandes nomes está o poeta e compositor José Marcolino Alves, nascido em 28 de junho de 1930, no sítio Várzea Paraíba, do município de Sumé.
        
A sua principal virtude era o espírito de humildade, pois era um bravo lutador pela manutenção das festividades nordestinas, especialmente das noites de São João e São Pedro.
        
Como tantos outros brasileiros, apaixonou-se pela história do Rei do Baião, muito antes de conhecê-lo pessoalmente. Tinha desejo de galgar postos mais altos na vida artística, por isso buscou um encontro com Luiz Gonzaga, o que conseguiu com decepções iniciais. Até que um dia, conseguiu a vitória maior, pois ao lado do Rei gravou as suas composições mais importantes que ainda hoje são executadas no Brasil inteiro: “Cacimba Nova”, “Numa Sala de Reboco”, “Cantiga de Vem-Vem”, “Fogo Sem Fuzil”, “Quero Chá”, “Sertão de Aço”, “Serrote Agudo”, “Pássaro Carão”, “Matuto Aperreado”, “A Dança do Nicodemos”, “Caboclo Nordestino”, “De Olho no Candeeiro”, “Boca de Caieira”, “Eu e meu Fole”, “Projeto Asa Branca”.
        
Em vida foi um artista de mãos calejadas, porque trabalhava como vaqueiro, carpinteiro, agricultor e ainda fazia bicos como barbeiro.
        
Tornou-se um dos mais admirados compositores brasileiros, porque respeitou a vocação nata, escolhendo como tema principal os costumes nordestinos. Com essa inspiração abençoada por Deus exerceu as forças de um advogado sem diploma na defesa do Vem-Vem do nosso sertão escanteado pelos governantes; o carão, o matuto das regiões campesinas, da fauna e da flora, enfim dos animais perseguidos e dos movimentos humilhados do nordeste.
        
No ano de 2014 o VII FESMUZA – Festival de Músicas Gonzagueanas, promovido pelo Parque Cultural “O Rei do Baião”, na Comunidade São Francisco – São João do Rio do Peixe – PB vai homenagear José Marcolino, já que o tema é “Homenagem à Paraíba” através das músicas que o Gonzagão gravou exaltando o nosso estado, suas cidades, seus parceiros e intérpretes que gravaram com ele, como o próprio Zé Marcolino, Elba Ramalho, Pinto do Acordeom.
        
Essa foi uma sugestão especial do Gonzagueano e consultor das festividades, Kydelmir Dantas, de imediato aceita pelos demais membros da Comissão Organizadora do FESMUZA.
        
Marcolino tinha as mãos calosas pelas múltiplas atividades profissionais que exercia, buscando ajudar os indefensos e os pobres massacrados pela força da descriminação.


Morreu no dia 20 de setembro de 1987, aos cinquenta e sete anos de idade, deixando saudades enormes às famílias do baião, xote, polcas.

Escreveu: Francisco Alves Cardoso – 24/03/2014

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