sábado, 17 de maio de 2014

O VAQUEIRO



Escreveu: Francisco Alves Cardoso – 17/04/2014

O inesquecível Luiz Gonzaga cantou e homenageou o nordeste brasileiro. Em 1963 lançou a música intitulada “A Morte do Vaqueiro”, juntamente com Nelson Barbalho. E cantou o sofrimento do vaqueiro em toda a sua trajetória profissional: “Bom vaqueiro nordestino, morre sem deixar tostão, o seu nome é esquecido, nas quebradas do sertão”.

Com essa música ele eternizou o primo legítimo Raimundo Jacó Mendes, nascido em 16 de julho de 1912 no município de Exu-Pernambuco. E foi barbaramente assassinado no dia 08 de julho de 1954 no sítio Lajes, município de Serrita.

Ainda na música em homenagem ao vaqueiro, Gonzaga narra momentos da morte de Raimundo Jacó: “Numa tarde bem tristonha, gado muge sem parar, lamentando seu vaqueiro que não vem mais aboiar”.

Segundo a história narrada em Exu e Serrita, Raimundo Jacó era um apaixonado pela profissão que abraçou desde a tenra idade e por isso foi contratado como vaqueiro, pelo proprietário do sítio Lajes. Essa distinção para Jacó teria causado uma ciumada de outro vaqueiro chamado Miguel Lopes, passando a se transformar numa rixa muito forte. De acordo com os dados históricos, em oito de julho de 1954 o dono da fazenda determinou que Raimundo Jacó e Miguel Lopes fossem procurar na caatinga, uma rês arisca e estimada na fazenda que teria se afastado do rebanho. No fim da tarde, o Miguel Lopes voltou à sede da fazenda, sozinho, e nada falou sobre o companheiro e a rês. No outro dia bem cedo os demais vaqueiros foram procurar Raimundo Jacó e encontraram-no morto no meio da caatinga, ao lado da rês ainda amarrada e o seu fiel cachorro latindo, sem sair de perto do corpo.

Canta ainda Luiz Gonzaga o abandono a que são relegados os vaqueiros: “Sacudido numa cova, desprezado do senhor, só lembrado do cachorro, que ainda chora sua dor”.

No dia 18 de julho de 1971 Luiz Gonzaga e o Padre João Câncio organizaram e mandaram celebrar a Primeira Missa do Vaqueiro, exatamente no local onde o crime aconteceu, festa que ainda hoje é celebrada com grande participação de vaqueiros e autoridades de todo o nordeste brasileiro.

O Parque Cultural “O Rei do Baião”, localizado no Sítio São Francisco, município de São João do Rio do Peixe-PB vai celebrar no dia oito de agosto do corrente ano de 2014, a Primeira Missa do Vaqueiro naquela Comunidade, em homenagem a história de Luiz Gonzaga e ao primo Raimundo Jacó, uma das lendas vivas das memórias gonzagueana.

Espera a Diretoria do Parque reunir em agosto, o maior número possível de vaqueiros, para relembrar essa história cultural que nunca poderá ser esquecida. Vários padres já estão confirmados para a grande celebração, que acontecerá um dia antes da realização do VII FESMUZA – Festival de Músicas Gonzagueanas.

A Missa do Vaqueiro na Parque “O Rei do Baião” contará com o apoio do BNB Cultura – da cidade de Sousa-PB e da prefeitura municipal de São João do Rio do Peixe.

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